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75 anos do

CLUBE DE CULTURA

Por Carolina Baumann, presidenta 2023-2025

Em maio deste ano, celebramos 75 anos de uma instituição que, mais do que um espaço físico, é uma ideia — uma ideia que sobreviveu à censura, às intempéries do tempo, aos ciclos de abandono, às tantas tentativas de apagamento — e que hoje está viva, vibrante, e com sede de recomeçar. Ao longo dessas décadas, o Clube de Cultura não foi apenas um centro cultural. Ele foi trincheira. Foi palco e foi assembleia. Foi lugar de ensaio e de encontro. Aqui se cultivaram ideias em tempos de repressão, se abrigaram artistas em tempos de escassez, se firmaram convicções em tempos de medo.

Em plena ditadura, o Clube abriu portas quando tantas se fecharam. Manteve acesa a chama da cultura crítica e do pensamento livre. Este Clube já abrigou conferências, saraus, cineclubes, aulas públicas, espetáculos teatrais, lançamentos de livros, assembleias populares e atos de resistência. Gerações de militantes, artistas, professores, estudantes e trabalhadores passaram por aqui e deixaram marcas profundas em suas paredes e em sua alma.

Mas, como toda história viva, nossa trajetória também conheceu seus momentos de silêncio. Momentos em que o Clube ficou adormecido, afastado do seu papel central. A estrutura física deteriorada, os arquivos dispersos, as atividades rareando. Muitos duvidaram que fosse possível reerguer o Clube. Mas eis que estamos aqui. E não estamos apenas celebrando um aniversário: estamos assistindo a uma reconstrução.

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Nos últimos anos, enfrentamos o desafio de recuperar não apenas o prédio, mas o próprio espírito do Clube. Tijolo por tijolo, página por página, gesto por gesto — estamos redesenhando o futuro a partir da memória. Reativamos atividades, retomamos vínculos com antigos frequentadores e criamos novas pontes com coletivos, artistas e movimentos contemporâneos. Reconstruímos também a história — reunindo documentos, reorganizando arquivos, buscando depoimentos, recuperando o fio da memória que liga os dias de hoje às lutas de ontem. E vamos recuperar a sede e restaurar espaços.

 

Esse esforço coletivo tem sido generoso e corajoso. E ele só foi possível porque muitas mãos, muitas vozes e muitos afetos se encontraram em torno de um propósito comum: devolver ao Clube de Cultura o lugar que ele merece no coração da cidade e da luta por uma sociedade mais justa, mais crítica e mais sensível. E é nesse processo de renascimento que celebramos também outro marco histórico: pela primeira vez, em 75 anos, o Clube de Cultura é presidido por uma mulher. E que símbolo poderoso é esse! Que sinal de transformação! Que este gesto represente mais do que uma reparação simbólica. Que ele represente a abertura de um novo ciclo. Um ciclo onde o protagonismo feminino não seja exceção, mas regra. Onde o cuidado com o coletivo seja visto como força política. Onde os espaços de poder e decisão sejam ocupados por quem sempre esteve na base da construção da cultura, mas nem sempre no comando de suas instituições.

A história da cultura brasileira — e da resistência política — está repleta de mulheres que criaram, sustentaram, protegeram e transformaram. Mulheres que seguraram o palco e o bastidor. Que escreveram manifestos, que defenderam escolas de samba, que salvaram arquivos, que organizaram redes de solidariedade. Hoje, ao termos uma mulher na presidência do Clube de Cultura, reconhecemos essa história e também assumimos um compromisso com as gerações que virão. O Clube de Cultura, hoje, não quer ser apenas o guardião de um passado. Ele quer ser agente do presente e provocador do futuro. Quer continuar a ser espaço para as linguagens artísticas, para os debates políticos, para a formação crítica, para a pluralidade de ideias e vozes. E que isso se faça com radicalidade democrática, com diversidade estética, com coragem política. Que se faça com a certeza de que a cultura não é adorno: é infraestrutura da vida. Que a arte não é luxo: é necessidade. Que a memória não é saudade: é ferramenta de luta.

 

Por tudo isso, neste aniversário de 75 anos, o que celebramos é a persistência. A persistência de um sonho coletivo que nunca se deixou apagar. A persistência de quem acredita que a cultura transforma, que a arte politiza, que a história nos fortalece e que o futuro se constrói com imaginação, afeto e luta. Que venham mais 75 anos de Clube de Cultura. Com as portas abertas, com a cabeça erguida e com o coração pulsando no ritmo das transformações que desejamos. Muito obrigado a todas e todos. Viva o Clube de Cultura! Viva a cultura como resistência! Viva as mulheres que movem a história!

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